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Tempo e psicopatologia cultural das experiências traumáticas

Relacionamos aqui dois aspectos fundamentais das intuições culturais sobre a passagem do tempo - a temporalidade cíclica e a contínua - com a psicopatologia e a terapêutica médica, psicológica e religiosa dos estados de estresse pós-traumáticos. Nas concepções culturais cíclicas do tempo, vida e mor...

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Published in:Revista latinoamericana de psicopatologia fundamental 2008-06, Vol.11 (2), p.195-207
Main Author: Bastos, Claudio Lyra
Format: Article
Language:eng ; por
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Summary:Relacionamos aqui dois aspectos fundamentais das intuições culturais sobre a passagem do tempo - a temporalidade cíclica e a contínua - com a psicopatologia e a terapêutica médica, psicológica e religiosa dos estados de estresse pós-traumáticos. Nas concepções culturais cíclicas do tempo, vida e morte são indissociáveis do movimento eterno do cosmos. A severidade e a persistência do trauma mental não são diretamente proporcionais à magnitude da catástrofe, mas associadas às características imaginárias e aos papéis que representam na mente. A cultura moderna tende a produzir indivíduos preparados para um mundo altamente complexo, sob pressão constante em um ritmo frenético. Quase todos os eventos devem ser antecipados, planejados ou controlados e os traços anancásticos de personalidade são bem aceitos pelas sociedades modernas. Todavia, face a eventos catastróficos, imprevisíveis, quando nada resta a fazer, esses indivíduos metódicos e organizados podem apresentar fragilidade e desespero. Nas comunidades tradicionais as vítimas parecem capazes de suportar níveis muito altos de agressão ou sofrimento - em situações traumáticas - sem mostrar sinais proporcionais de estresse mental. Enquanto que nos estratos superiores das comunidades modernas um ato de violência, como um assalto ou um estupro, pode ter conseqüências muito sérias e duradouras, na prática diária, nos hospitais públicos, encontramos pessoas que sofreram eventos potencialmente traumáticos sem qualquer dos esperados efeitos devastadores na sua vida mental. Os rituais dissociativos periódicos podem ter algum papel na sua resiliência. Relacionamos aquí dos aspectos fundamentales de las intuiciones culturales sobre el pasaje del tiempo - la temporalidad cíclica y la continua - con la psicopatología y la terapéutica médica, psicológica y religiosa de los estados de estrés post-traumáticos. En las concepciones culturales cíclicas del tiempo, vida y muerte son indisociables del movimiento eterno del cosmos. La severidad y la persistencia del trauma mental no son directamente proporcionales a la magnitud de la catástrofe, sino asociadas a características imaginarias y papeles que representan en la mente. La cultura moderna tiende a producir individuos preparados para un mundo altamente complejo, bajo presión constante y en ritmo frenético. Casi todos los eventos deben ser anticipados, planeados o controlados y los rasgos anancasticos de personalidad son bien aceptos por las sociedades modernas. Además, a
ISSN:1415-4714
1984-0381
1415-4714
DOI:10.1590/S1415-47142008000200002