Partilhar a ausência

• Published in: 2I revista de estudos de identidade e intermedialidade 2021-12, Vol.3 (4), p.61-75
• Main Author: de Miranda, Gabriel
• Format: Article
• Language: eng ; por
• Subjects: Artigos; Comum; Fotografia; Montagem; Perspectiva
• ISSN: 2184-7010
• DOI: 10.21814/2i.3445

Este ensaio se debruça sobre a série de fotografias Ausencias do argentino radicado na Catalunha Gustavo Germano. Através de uma preocupação em relação ao suporte da fotografia e o processo de montagem, o texto busca estabelecer algumas relações da série fotográfica com a problemática da percepção estética, baseado em alguns apontamentos de David Lapoujade quanto às possibilidades da recepção das fotografias se configurar como uma participação ou uma transferência de ponto de vista. Do mesmo modo, o ensaio busca analisar as fotografias como modos de desautomatização do olhar e de saída de um efeito “anestético” da arte e da percepção como notado por Susan Buck-Morss. O ensaio ainda busca demonstrar o uso da “face” como meio de identificação na série fotográfica, entendendo-a como uma espécie de comunicação pré-linguística que busca ultrapassar a diferença com o outro sem apaga-la por completo. Deste modo, o gesto fotográfico de Germano dá esteio para imaginar uma expansão do ponto de vista do desaparecimento para além do cerco familiar ou da esfera pública das políticas de memória, colocando em cena uma arte do Comum, saindo da dicotomia público-privada para adentrar uma partilha sul-americana do passado. This essay focus on Ausencias, a series of photographs by the Argentinean born and settled in Catalonia Gustavo Germano. Through a concern with the photographic support and the montage process, the text aims to stablish some relations between the photographic series and the aesthetic perception problematics, based on some notes by David Lapoujade towards the possibility of photographs’ reception to be configured as a participation or a transference of point of view. In the same way, the essay aims to analyse the photographs as ways of un-automatization of seeing and of exiting an “anesthetic” effect of art and perception as noted by Susan Buck-Morss. The essay seeks also to demonstrate the uses of the “face” as a means of identification in the photographic series, understanding it as a kind of pre-linguistic communication that tries to overcome the difference from the other without effacing it completely. Therefore, Germano’s photographic gesture gives the basis to imagine an expansion of the disappearance’s standpoint beyond the enclosures of family or of the politics of memory in the public sphere, staging an art of the Common, leaving the public-private dichotomy and entering a south-american sharing of the past.