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O falso dilema sobre a luta antivetorial e as perspectivas de controle da doença de Chagas no Brasil: BHC ou BNH?

As bases técnicas para o controle da doença de Chagas no Brasil foram estabelecidas com a criação do posto avançado de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí, no oeste de Minas Gerais, no começo da década de 40, sob a liderança de Emmanuel Dias. Entretanto, somente com a criação do Departament...

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Published in:Cadernos de saúde pública 1993-12, Vol.9 (4), p.514-518
Main Author: Coura, José R.
Format: Article
Language:Portuguese
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creator Coura, José R.
description As bases técnicas para o controle da doença de Chagas no Brasil foram estabelecidas com a criação do posto avançado de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí, no oeste de Minas Gerais, no começo da década de 40, sob a liderança de Emmanuel Dias. Entretanto, somente com a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), em março de 1956, sob a direção de Mario Pinotti, no governo de Juscelino Kubitschek, as medidas de controle foram implementadas. Das "campanhas" de controle das 12 endemias rurais estabelecidas pelo DNERu, a malária, pelo seu caráter de doença aguda e explosiva, sempre teve a maior parte orçamentária. A doença de Chagas e as outras endemias foram sempre relegadas a um plano secundário de prioridade. Por outro lado, a partir da década de 60, os "novos ecologistas" passaram a criticar o uso de inseticidas, com o slogan de que para controlar a doença de Chagas era necessário o BNH (construção de casas), e não o BHC (uso de inseticidas). Esta opinião, embora equivocada para o controle a curto prazo, teve uma enorme influência negativa sobre o controle dos vetores domiciliados. Apesar disso, algum progresso foi feito neste sentido. Na década de 70, a epidemia de meningite meningocócica e a priorização do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE), pelo Ministro Almeida Machado, com deslocamento de verbas e de pessoal da Superintendência de Campanhas (Sucam) para esses programas, atrasaram ainda mais o controle da doença de Chagas. Somente na década de 80, com a decisão política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de alocar 10 bilhões de cruzeiros do Finsocial, o programa de controle da doença de Chagas teve um importante desenvolvimento em 2.000 municípios de 19 Estados brasileiros. Mais uma vez o programa sofre um atraso nesta década, com o deslocamento do pessoal da Sucam para a campanha contra a epidemia da dangue. Finalmente, concluímos que, a curto prazo, o uso de inseticidas é a medida mais efetiva para o controle da transmissão natural da doença de Chagas. Discutimos também, nesta revisão, as outras medidas de controle e a urbanização da doença.
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Entretanto, somente com a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), em março de 1956, sob a direção de Mario Pinotti, no governo de Juscelino Kubitschek, as medidas de controle foram implementadas. Das "campanhas" de controle das 12 endemias rurais estabelecidas pelo DNERu, a malária, pelo seu caráter de doença aguda e explosiva, sempre teve a maior parte orçamentária. A doença de Chagas e as outras endemias foram sempre relegadas a um plano secundário de prioridade. Por outro lado, a partir da década de 60, os "novos ecologistas" passaram a criticar o uso de inseticidas, com o slogan de que para controlar a doença de Chagas era necessário o BNH (construção de casas), e não o BHC (uso de inseticidas). Esta opinião, embora equivocada para o controle a curto prazo, teve uma enorme influência negativa sobre o controle dos vetores domiciliados. Apesar disso, algum progresso foi feito neste sentido. Na década de 70, a epidemia de meningite meningocócica e a priorização do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE), pelo Ministro Almeida Machado, com deslocamento de verbas e de pessoal da Superintendência de Campanhas (Sucam) para esses programas, atrasaram ainda mais o controle da doença de Chagas. Somente na década de 80, com a decisão política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de alocar 10 bilhões de cruzeiros do Finsocial, o programa de controle da doença de Chagas teve um importante desenvolvimento em 2.000 municípios de 19 Estados brasileiros. Mais uma vez o programa sofre um atraso nesta década, com o deslocamento do pessoal da Sucam para a campanha contra a epidemia da dangue. Finalmente, concluímos que, a curto prazo, o uso de inseticidas é a medida mais efetiva para o controle da transmissão natural da doença de Chagas. Discutimos também, nesta revisão, as outras medidas de controle e a urbanização da doença.</description><identifier>ISSN: 1678-4464</identifier><identifier>DOI: 10.1590/S0102-311X1993000400013</identifier><language>por</language><publisher>Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz</publisher><subject>PUBLIC, ENVIRONMENTAL &amp; OCCUPATIONAL HEALTH</subject><ispartof>Cadernos de saúde pública, 1993-12, Vol.9 (4), p.514-518</ispartof><rights>This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.</rights><lds50>peer_reviewed</lds50><oa>free_for_read</oa><woscitedreferencessubscribed>false</woscitedreferencessubscribed></display><links><openurl>$$Topenurl_article</openurl><openurlfulltext>$$Topenurlfull_article</openurlfulltext><thumbnail>$$Tsyndetics_thumb_exl</thumbnail><link.rule.ids>230,314,776,780,881,24129,27901,27902</link.rule.ids></links><search><creatorcontrib>Coura, José R.</creatorcontrib><title>O falso dilema sobre a luta antivetorial e as perspectivas de controle da doença de Chagas no Brasil: BHC ou BNH?</title><title>Cadernos de saúde pública</title><addtitle>Cad. Saúde Pública</addtitle><description>As bases técnicas para o controle da doença de Chagas no Brasil foram estabelecidas com a criação do posto avançado de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí, no oeste de Minas Gerais, no começo da década de 40, sob a liderança de Emmanuel Dias. Entretanto, somente com a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), em março de 1956, sob a direção de Mario Pinotti, no governo de Juscelino Kubitschek, as medidas de controle foram implementadas. Das "campanhas" de controle das 12 endemias rurais estabelecidas pelo DNERu, a malária, pelo seu caráter de doença aguda e explosiva, sempre teve a maior parte orçamentária. A doença de Chagas e as outras endemias foram sempre relegadas a um plano secundário de prioridade. Por outro lado, a partir da década de 60, os "novos ecologistas" passaram a criticar o uso de inseticidas, com o slogan de que para controlar a doença de Chagas era necessário o BNH (construção de casas), e não o BHC (uso de inseticidas). Esta opinião, embora equivocada para o controle a curto prazo, teve uma enorme influência negativa sobre o controle dos vetores domiciliados. Apesar disso, algum progresso foi feito neste sentido. Na década de 70, a epidemia de meningite meningocócica e a priorização do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE), pelo Ministro Almeida Machado, com deslocamento de verbas e de pessoal da Superintendência de Campanhas (Sucam) para esses programas, atrasaram ainda mais o controle da doença de Chagas. Somente na década de 80, com a decisão política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de alocar 10 bilhões de cruzeiros do Finsocial, o programa de controle da doença de Chagas teve um importante desenvolvimento em 2.000 municípios de 19 Estados brasileiros. Mais uma vez o programa sofre um atraso nesta década, com o deslocamento do pessoal da Sucam para a campanha contra a epidemia da dangue. Finalmente, concluímos que, a curto prazo, o uso de inseticidas é a medida mais efetiva para o controle da transmissão natural da doença de Chagas. 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Por outro lado, a partir da década de 60, os "novos ecologistas" passaram a criticar o uso de inseticidas, com o slogan de que para controlar a doença de Chagas era necessário o BNH (construção de casas), e não o BHC (uso de inseticidas). Esta opinião, embora equivocada para o controle a curto prazo, teve uma enorme influência negativa sobre o controle dos vetores domiciliados. Apesar disso, algum progresso foi feito neste sentido. Na década de 70, a epidemia de meningite meningocócica e a priorização do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE), pelo Ministro Almeida Machado, com deslocamento de verbas e de pessoal da Superintendência de Campanhas (Sucam) para esses programas, atrasaram ainda mais o controle da doença de Chagas. Somente na década de 80, com a decisão política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de alocar 10 bilhões de cruzeiros do Finsocial, o programa de controle da doença de Chagas teve um importante desenvolvimento em 2.000 municípios de 19 Estados brasileiros. Mais uma vez o programa sofre um atraso nesta década, com o deslocamento do pessoal da Sucam para a campanha contra a epidemia da dangue. Finalmente, concluímos que, a curto prazo, o uso de inseticidas é a medida mais efetiva para o controle da transmissão natural da doença de Chagas. Discutimos também, nesta revisão, as outras medidas de controle e a urbanização da doença.</abstract><pub>Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz</pub><doi>10.1590/S0102-311X1993000400013</doi><tpages>5</tpages><oa>free_for_read</oa></addata></record>
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