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Diversidade, unidade e saúde coletiva

Hannah Arendt1 nos lembra que o mundo não é habitado pelo homem, e sim pelos homens. Ao dizer isso, ela demarca a pluralidade da condição humana, que, embora seja humana, jamais determina a existência de um homem genérico. Levando esse pensamento para pensar a coletividade, podemos considerar que nã...

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Published in:Ciência & saude coletiva 2022-10, Vol.27 (10), p.3794-3794
Main Authors: Gomes, Romeu, Minayo, Maria Cecília de Souza, Silva, Antônio Augusto Moura da
Format: Article
Language:Portuguese
Subjects:
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Description
Summary:Hannah Arendt1 nos lembra que o mundo não é habitado pelo homem, e sim pelos homens. Ao dizer isso, ela demarca a pluralidade da condição humana, que, embora seja humana, jamais determina a existência de um homem genérico. Levando esse pensamento para pensar a coletividade, podemos considerar que não há uma coletividade genérica, e sim diferentes coletivos que a integram. A saúde coletiva, em sua concepção, se volta para as necessidades da população, mas, por estar também intimamente articulada à defesa dos direitos humanos, precisa assegurar que os movimentos que expressam a diversidade das situações singulares e grupais tenham reconhecimento social, político e jurídico.Tal afirmação aparentemente pode nos levar a um impasse: como definir princípios e políticas de saúde coletiva para uma pluralidade de segmentos, ou até mesmo para um conjunto de individualidades, que habitam o coletivo? Buscamos nos ancorar no pensamento de Mary Douglas2 para caminhar na direção da resposta a essa questão. Assim como Douglas2, que considera haver regularidades em diferentes culturas, também podemos pensar em regularidades que unem os diferentes segmentos de uma coletividade. E afirmar que todos os segmentos de uma mesma sociedade, ainda que diferentes, almejam a saúde como um bem coletivo. Complementando esse pensamento e parafraseando Arendt1, consideramos que a Saúde Coletiva vive com o paradoxo da pluralidade dos segmentos que conformam o coletivo.É a partir da reflexão que articula o pertencimento ao todo e o respeito às diferenças que apresentamos este número especial. Ele põe em foco a diversidade de temas que vêm sendo desenvolvidos ou que podem se inserir na pauta do campo da saúde coletiva. Alguns dos textos que figuram nesta edição são ensaios teóricos que discutem a relação entre a temática e o campo mencionado. Outros defendem uma saúde voltada para identidades sociais que, ao mesmo tempo, são estáveis, provisórias e resultados de diversos processos de socialização que, em conjunto, “constroem os indivíduos, definem as instituições”3 e também enriquecem o coletivo. Boa leitura!
ISSN:1413-8123
1678-4561
1678-4561
DOI:10.1590/1413-812320272710.08472022