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O poder do ato de nomear: o compromisso do IBGE diante das favelas e comunidades urbanas brasileiras

Resumo O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em janeiro de 2024, a adoção do termo “favelas e comunidades urbanas” para se referir a diferentes territórios populares no país. Formados a partir de processos geográficos, históricos e culturais específicos, tais territórios...

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Published in:Ciência & saude coletiva 2024, Vol.29 (11)
Main Authors: Giannella, Letícia de Carvalho, Soares, Joice de Souza, Franco, Cayo de Oliveira
Format: Article
Language:Portuguese
Subjects:
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Summary:Resumo O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em janeiro de 2024, a adoção do termo “favelas e comunidades urbanas” para se referir a diferentes territórios populares no país. Formados a partir de processos geográficos, históricos e culturais específicos, tais territórios foram marcados por estereótipos e estigmas relacionados não apenas a suas condições materiais, mas a suas populações. A nomenclatura “aglomerados subnormais”, vigente por aproximadamente quatro décadas, foi alterada após profunda reflexão institucional e diálogo com atores sociais. Neste artigo, buscou-se discutir o processo de modificação da nomenclatura oficial, tendo como ponto de partida o processo de constituição desses territórios no imaginário social e os desafios inerentes à guinada realizada pelo instituto. Além disso, pretendeu-se apontar os mecanismos de poder subjacentes às construções discursivas, sobretudo quando provenientes de instituições de Estado, como é o caso do IBGE. Concluiu-se que a tomada de posição realizada pelo órgão veio ao encontro de demandas históricas capitaneadas pelos grupos sociais ligados a tais territórios e representou a assunção de um compromisso político do IBGE para com esses atores em direção ao cumprimento de sua missão institucional. Abstract In January 2024, the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) announced the adoption of the term “favelas and urban communities” to refer to different popular territories in the country. Formed from specific geographical, historical and cultural processes, these territories have been marked by stereotypes and stigmas related not only to their material conditions, but also to their populations. The nomenclature “subnormal agglomerations”, in force for approximately four decades, was changed after deep institutional reflection and dialog with social actors. The aim of this article is to discuss the process of changing the official nomenclature, taking as a starting point the process of constitution of these territories in the social imagination, and the challenges inherent in the change made by the Institute. The aim was also to point out the mechanisms of power underlying discursive constructions, especially when they come from state institutions such as the IBGE. It was concluded that the position taken by the agency met the historical demands of the social groups linked to these territories and represented the assumption of a political commitment by the Institute
ISSN:1413-8123
1678-4561
1678-4561
DOI:10.1590/1413-812320242911.04232024